O presidente Jair Bolsonaro está há mais de uma semana, assim como seu ministro da Economia, Paulo Guedes, desmentindo todos os dias que seja intenção do governo desatrelar a correção anual do salário mínimo e das aposentadorias das perdas inflacionárias do período.
Chama-se a isso desindexação. E o resultado prático é uma redução no valor real de compra de salários e aposentadorias. Passa-se a comprar menos produtos e serviços com a remuneração mensal.
No debate com o ex-presidente Lula, na noite de sexta-feira (28), Bolsonaro disse pretender aumentar o salário mínimo para R$ 1.400, reajuste de 15% e que seria o primeiro aumento real no salário em quatro anos.
O economista Washington Lima, que assessora sindicatos, explica que com o congelamento salarial diante de uma inflação de 30%, num exemplo hipotético e simbólico, se antes era possível comprar 10 cestas básicas, agora compra-se sete. É uma perda acentuada.
A notícia de que o governo pretende acabar com a correção obrigatória dessas remunerações ganhou pernas após a "Folha de SP" noticiar ter tido acesso a documentos neste sentido. O ministro Paulo Guedes negou haver um plano, porém admitiu gostar da ideia da desindexação - o que pode significar até aumento real, disse.
O problema é que em quatro anos o aumento real foi zero. Por que agora seria diferente? Outra dificuldade de convencimento é que o adversário de Bolsonaro já tem um histórico de aumentos reais e valorização do salário mínimo, ao longo de suas gestões. Agora, Lula acaba de divulgar compromissos que incluem justamente o aumento real do salário mínimo e de aposentadorias.