Da Redação do SariguêNews
Por Niara Aureliano
Anunciado como dia de luta em defesa da Educação, nesta terça-feira, 18 de outubro de 2022, estudantes, educadores e servidores do setor foram às ruas em mais de 70 cidades do país, após anúncio de confisco de parte do orçamento das universidades pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). Mesmo com declarações do governo que sinalizavam recuo da decisão de cortes do orçamento, o calendário foi mantido e levou milhares às ruas pelo Brasil.
No Rio, o ato se concentrou na Candelária a partir do fim da tarde de terça, ocupou as faixas lateral e central da Avenida Rio Branco e finalizou na Cinelândia, Centro. A 12 dias do segundo turno das eleições presidenciais, os manifestantes conclamaram a eleição do candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva, considerando o postulante com maior adesão ao regime democrático e contra os confiscos orçamentários na Educação. Profissionais da rede estadual de educação fizeram paralisação de 24h no Rio de Janeiro.
Decreto
O decreto nº 11.216, publicado em 30 de setembro, às vésperas do primeiro turno das eleições, motivo do protesto, indicava uma reprogramação orçamentária até o fim do mês de novembro, bloqueando pelo menos R$ 2,4 bilhões do orçamento do Ministério da Educação. O bloqueio impactaria do pagamento das bolsas estudantis ao funcionamento da universidade, como as verbas para limpeza e segurança. Na última sexta, 7 de outubro, o ministro da Educação Victor Godoy divulgou vídeo em que anunciava recuo da decisão do bloqueio financeiro; ele também acusou reitores das instituições de ensino de fazerem "política" com o tema. Todavia, o ministro da Economia Paulo Guedes ainda não se pronunciou sobre o assunto para confirmar o recuo da decisão.
Ao lado das comunidades acadêmicas, o protesto reuniu parlamentares fluminenses como os deputados federal Benedita da Silva (PT), Talíria Petrone (PSOL), Glauber Braga (PSOL), o vereador e deputado federal eleito Chico Alencar (PSOL), a professora da UFRJ, que deverá assumir a vaga de Alencar na Câmara do Rio em 2023, Luciana Boiteux (PSOL), os deputados estaduais Flavio Serafini (PSOL), Carlos Minc (PSB) e a também deputada estadual eleita, primeira professora trans da UFRJ Dani Balbi (PCdoB), dentre outros. Durante falas no carro de som, todos defenderam a eleição do presidente Lula neste segundo turno, que ocorre em 30 de outubro.
Professores e servidores se posicionaram. "A universidade pública, nos últimos quatro anos, no âmbito do aumento deste autoritarismo bolsonarista, ela foi vítima de um processo radical de expropriação, de precarização. O corte dos investimentos deixou a universidade pública em um estado de pauperização. Temos um potencial muito grande de contribuir para o desenvolvimento científico, para o desenvolvimento tecnológico e não fizemos absolutamente nada disso em razão de ataques sucessivos do governo Bolsonaro contra a universidade pública brasileira. Um governo negacionista da ciência, da cultura, da universidade. Contra o bolsonarismo, o voto em Lula é mais do que necessário, é a condição de sobrevivência da universidade pública brasileira", disse Guilherme Leite Gonçalves, professor do curso de Direito da Uerj e presidente da Associação dos Docentes da Uerj (Asduerj).
Colégio Pedro II
Para o professor de educação física do Colégio Pedro II, campus Duque de Caxias, e coordenador do Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II (Sindscope), Matheus Castro, o apoio a Lula significa "derrotar o projeto de privatização da educação pública". Para ele, é preciso "retomar os investimentos em educação", denunciando ainda que "a Baixada Fluminense perdeu todo o seu investimento em educação durante o governo Bolsonaro", afirmando ainda a adesão da Educação ao retorno do ex-presidente ao cargo.
Da mesma forma, ressaltando os cortes na educação e o aumento de 14 milhões de brasileiros a mais em situação de insegurança alimentar desde 2020, totalizando pelo menos 33,1 milhões de pessoas com fome em 2022, a docente aposentada da Universidade Federal Fluminense (UFF) Cristina Mendonça apontou a atuação na área do curso de Nutrição da universidade e ativismo no combate à fome para se incorporar ao ato pela educação e defender o voto no petista. "O número de famintos no Brasil voltou a crescer. Eu já lutei muito pra que tivesse acabado a fome no Brasil e a gente conseguiu reduzir enormemente", assegurou, declarando ainda acreditar que, se eleito, Lula terá as pautas da fome e da educação como "linha de frente" em seu governo.
A data foi convocada pela União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Federação de Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (Fenet) e o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe).